Alienígenas Ébrios

Há um planeta não muito distante

Onde tudo é muito estranho

É um lugar assim, aberrante

Lá tem um povo meio tacanho

Eles riem muito, se fazem de besta

Socializam, conversam, dirigem seus carros

Fazem de tudo que lhes dá na cabeça

Agem qual senhores, pensam qual esparros

Saem correndo antes que anoiteça

À procura de mais uma fuga

Se embebedam, enchem a cabeça

Até o raiar da madruga

Mas se fazem de fortes, os bobos

Já de manhã estão prontos pra guerra

Se dizem bons caçadores de lobos,

Com uma boa mira, que nunca erra

E passa o dia chega hora do almoço

A confiança já vai passando

Já se sentem perto do fundo do poço

E o desespero vai aumentando.

A tarde passa arrastada,

Só com a promessa de mais ilusão

Mais uma rodada, mais uma rodada

Desse vinho forte que dá redenção

É só esperar a hora passar

E reunir todos, confrades e almas

Traçar mil planos de azar

E brindar amizades fantasmas

E na ciranda que gira ao contrário

Gira também o planeta em seu eixo

Um lugar onde o rei é um otário,

Um lugar que bem rápido eu deixo

Sem ao menos olhar para trás

Dado o vício desse planeta absorto

É uma terra que prende e atrai

Bem intencionado lá está morto

Volto ao meu mundo com pressa

Alívio de não mais estar lá

Mas ao chegar que surpresa é essa

Vejo do vinho todos a brindar

E aterrorizado percebo sozinho

Que já estou em um novo lugar

Que o que lembro não mais é, e que pesar.

Em minha mão.

Uma taça

De vinho.