Eu, caravana
Quantos cães deixei
ladrando pelos caminhos
e hoje estou aqui,
caravana que atingiu
mais um de seus destinos.
Quantos cães ladram ainda
e eu, caravana, vou passando,
tenho muito a caminhar.
Quantos remendos tenho
de cães com dentes medonhos
e quanto mais remendos vejo,
mais se fortalecem meus sonhos.
E caravana continuo,
com os cães em meu
rastro a ladrar,
vou seguindo devagarinho
buscando sempre chegar.
E os cães... pobres coitados!
Não chegam a nenhum lugar.
Ana Maria Calheiros de Melo
Ana Maria Calheiros de Melo