SER VAZIO!
Oh! Não raro invejo o ser insensível!
Porque não sofre, por não sentir tanto
E me pergunto: Como isto é possível?
Essa frieza que me causa espanto!
Não enxerga muito os males do mundo.
O que é essencial, sequer assimila.
Pensa, mas o pensar não é profundo.
Vive a vida, sem contudo, sentí-la.
Ver além, saber mais... é a alma inquieta,
O qual espinho cruel da existência
Chagas doídas a ela acarreta.
Mas prefiro ser infeliz e expio,
Pois o viver flagela sem clemência,
A ser pedra! A oco ser! Ser vazio!