O TEMPO...

Acabou-se o sossego, é penúria ou apego.

Em sobressalto inicia no tempo a criança,

Sensação dolorosa de vagarosa andança,

Sem nenhuma fiança aqui começa o desterro.

É longo o percurso da inaugural jornada,

Uma existência inteira é a espera pedida.

Medida, pesada, há duas horas nascida,

Demora uma vida de mamada a mamada.

Começa então o jogo do tempo que corre

Até o respiro ele cobra em delirante motim

Da nascente a jusante inexorável até o fim,

Como raio de luz a cada instante ele morre

Na memória o que foi é parâmetro agora.

Da cotejada exigência acelera o percurso,

A medida passada pro tempo em decurso,

Move a roleta da vida pelos anos afora.

Ultrapassados os píncaros o declive se vê

Exígua é a milha comparada ao trajeto,

Imutável equação em que o tempo objeto,

É zombeteira variável que nos tem a mercê.

O outrora eterno, chegada as cãs é missivo,

Vertiginosa tocada em uma estrada vazia.

Torna o sossego e vai-se o apego se havia

Vãs as pedrarias nesse momento decisivo.

Tempo... Manto fluido, as horas não o retêm,

Circundante compasso contentor da história,

Altruística ampulheta no berço da memória,

Da velhice pó adamantino, inestimável bem.

Manito O Nato

Em 30/09/2008