A razão e a emoção
O exercício mesmo que em excesso da razão
É um ato inteligentíssimo
Mas ao mesmo tempo, aprisionador
Não é fácil retirar o excesso de razão
Ela, a razão, é inteligente!
E não se deixa espantar facilmente.
Não é simples e fácil reconhecer
Não menos, objetar a própria razão
Usando-a como instrumento
Somente em versos, se poderia amenizar
Reduzir uma e a outra aumentar
Dar o microfone e a vez para sentimento resmungar:
“Alto lá, por onde eu vou ficar?!”
“Fique longe, aqui quem manda, sou eu”
(diz a razão, acerca de quem manda no “eu”).
“Mas em algum lugar preciso ficar...”
(diz a emoção, quase a soluçar)
“Está bem: peito, lado esquerdo, e só!”
(retruca a razão sem dó)
“Mas preciso de mais espaço para respirar”
(a emoção, quase a chorar)
E antes que os dois se pegassem de vez
Surgiu alguém a pôr ordem na mesa!
E disse, altissonante, com alta nobreza:
“Nem lá, nem cá, em todo lugar”
“Nem um, nem outro, os dois vão reinar”
“Ninguém manda em ninguém, os dois vão cooperar”
“Em todo o ser, cada um de vocês, vai ficar”
“Não há razão sem emoção, e emoção que não pensará”
“As vezes pouco, as vezes muito, mas sempre, juntas, vão caminhar”
"Eis o veredicto, e se ponham a trabalhar!"