A razão e a emoção

O exercício mesmo que em excesso da razão

É um ato inteligentíssimo

Mas ao mesmo tempo, aprisionador

Não é fácil retirar o excesso de razão

Ela, a razão, é inteligente!

E não se deixa espantar facilmente.

Não é simples e fácil reconhecer

Não menos, objetar a própria razão

Usando-a como instrumento

Somente em versos, se poderia amenizar

Reduzir uma e a outra aumentar

Dar o microfone e a vez para sentimento resmungar:

“Alto lá, por onde eu vou ficar?!”

“Fique longe, aqui quem manda, sou eu”

(diz a razão, acerca de quem manda no “eu”).

“Mas em algum lugar preciso ficar...”

(diz a emoção, quase a soluçar)

“Está bem: peito, lado esquerdo, e só!”

(retruca a razão sem dó)

“Mas preciso de mais espaço para respirar”

(a emoção, quase a chorar)

E antes que os dois se pegassem de vez

Surgiu alguém a pôr ordem na mesa!

E disse, altissonante, com alta nobreza:

“Nem lá, nem cá, em todo lugar”

“Nem um, nem outro, os dois vão reinar”

“Ninguém manda em ninguém, os dois vão cooperar”

“Em todo o ser, cada um de vocês, vai ficar”

“Não há razão sem emoção, e emoção que não pensará”

“As vezes pouco, as vezes muito, mas sempre, juntas, vão caminhar”

"Eis o veredicto, e se ponham a trabalhar!"

Chesman Emerim
Enviado por Chesman Emerim em 07/10/2008
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