VIVER NÃO É FÁCIL.

Deus me livre de ser fofo,

ou ser uma coisa pelada e lavada,

de não ter limo e ter mofo.

Sem ômega para onde convirja,

se não tivesse um alfa pro pulo,

eu ia parecer mais um fulo.

Sou um bicho, quero um nicho,

que não me aninhe no lixo,

de um filosofar carrapicho.

Quero refletir e pensar,

pensando no matutar sartreano,

e melhor seria o pensar, se o Sartre fosse baiano.

Do colarinho CardinCo, disso eu não me lembro.

Em setembro, e que ainda a filosofia o encante,

não como eu barrigudo, tu pensas em tudo elegante.

Vate dos pés quebrados, onde o desdouro?

Do meu pai :"se meus versos tem pés quebrados,

sustêm-se altissonantes em muletas de ouro".

E agora ao prezado amigo

digo umas palavras banais.

(amanhecendo o dia tem mais.)

Aqui nasce o dia canarinho

com a belga na gaiola. Vem um dia

um rouxinol para cantar de sol a sol.

Aqui, o galo Barão do Oiapoque (ao Chuí)

é branco e preto; só a crista é vermelha.

Canta ao sair do sol e quando lhe dá na telha.

O gato aqui é Dengoso e só vive na orgia.

Volta tarde do pagode, e a Laika late ao lado,

no vizinho advogado, que tem gogo e tem bigode.

Reclamar do cantar de um galo, quem pode?

Mundo mundo, mudo vasto mundo.

Viver não é fácil; só no advir, é difícil pensar...