Invólucro
Sai,
Sai desta cadeia que te anula
Deixa-me te ver
Não faz das noites infindas
Dos dias de espera
Das horas vividas na tua companhia
Tempo gasto em vão
Para te conhecer
Sai,
Sai que te espero
Como se fosse as quatro estações
Com todas as diferenças compreendidas
Quero te conhecer por completo
Ver luzir o teu sorriso mais puro
Sentir o gosto da tua lágrima
Acalmar teu ser, quando inseguro
Ver-te capaz de definir teus medos,
Refazer teus sonhos
Guardatilhar teus segredos
Retirar as máscaras
Libertar-se dos teus próprios degredos.
Sai,
Sai deste involuto gesto
Que te fecha no teu mundo
Não te permitas ser podre semente
Neste terreno de vida tão fecundo
Desembrulha-te de uma vez
Livre-se dos desejos mesquinhos
Dos sentimentos que trazem dor
De todo pensamento imundo
Que te deixa opaco, fraco, raso
Que te impede de ser vazo
Nas mãos do Dono de Amor,
Do sentimento mais profundo...