Auto-retrato.

Não sou espectadora de mim,

sou atuante nessa arte de fingir.

De fingir a vida.

Por que a vida é, e não nos espera

Ela não se molda, ela é.

Mas eu não fico correndo átras dela com uma borracha

Não fico tentando retificar coisa alguma.

Eu vou criando e projetando.

Tenho vários projetos, é verdade.

Já me disseram que é porque deixo as coisas pra depois,

eu acho mesmo que é porque espero a idéia amadurecer.

As idéias ficam em minha cabeça e como penso em muitas coisas ao mesmo tempo, novas idéias vão se aglomerando a velhas idéias.

Se deixar pra depois é esperar amadurecer

então eu adio as coisas.

As vezes as palavras me acham,

as vezes eu as procuro.

E eu necessito delas, mais que elas de mim.

Eu anoto, reescrevo... apago, desisto... retomo

e assim vou indo.

Antes não queria escrever, porque não achava que as pessoas saberiam ler as minhas coidas. Não dariam o tom certo, a idéia certa, as minhas palavras. Mas agora eu Percebi que o bom é isso mesmo.

Um mesmo texto se multiplica, e se torna milhares de outros mais.

Eu não sou uma leitura fácil, já me falaram que sou densa, comprida, confusa. Não me importa, pois assim como a vida eu sou. Me moldo é verdade. Mas sou. E isso não basta?

Não, pra mim não. Não sou minimalista. Nem sigo, meu amigo Caiero.