MEMÓRIAS
Há memórias de todas as formas
Todas as cores, sabores e odores
Memórias que marcam com dores
Outras remetem ao mais puro amor
Amnésias são muralhas, anteparos
Formas de fugir da mágoa
Tal cachoeiras, invadem e avançam sem pedir
Como água que penetra pelos poros
Esconde-se trás de cada músculo
Está presente a cada crepúsculo
Mescla-se em toda gota de sangue
Pulsando no ritmo do coração
Há memórias de dores antigas
Velhas feridas com vestidos de festa
Soam doloridas como memórias de ontem
Perpetuam-se e doem menos a cada dia
Mas explodem em doridas feridas
Quando as trazemos de volta
Para essas fechamos os olhos
Damos as costas, queremos olvido
Tantas são as memórias alegres
Vestidas com rendas, bordadas com flores
Para essas damos aconchego
Afagamos nos braços, mostramos apego
Nos escuros porões de nossas almas
Levantamos um muro que as mantenha apartadas
Pois juntas contaminam-se perdendo o que é próprio
E só restarão memórias cinzentas.