Espelho Amigo

A realidade a me questionar
Dos valores que não existem mais
O culto a beleza, pele macia...
Corpo escultural, silhueta, perfeita.

O tempo agindo implacável
E você meu espelho amigo
Refletindo o que de mim restou...

Nunca tentou dissimular
Esconder minhas imperfeições
Nem minhas lágrimas você enxugou
Ao contrário, calado as presenciou...

Pergunto-te
Até quando será meu confidente?
Meu rosto já se transformou
Dezenas de rugas você revelou...

Meus olhos cansados
Necessitam de lentes para encará-lo
E tu permanece, fleumático, silencioso...

Sabe que feliz ou irada
Entre sorrisos ou lágrimas!
Cantando ou esbravejando
E sua presença que procuro...

Nadir A. D'Onofrio
Santos - SP - 11/05/2006 - 11:40