Angústia de primavera

Se por um breve momento

a felicidade momentânea

for do ambiente ao redor fruto e filho,

percebo quão vulnerável e suceptivo sou

às influências do meu estar,

e ainda realmente incapaz

de criar minhas oportunidades.

Dependo assim incondicionalmente do que me ignora,

tiro meu alento do instável,

sustento-me sobre o insustentável.

Comprazo-me com o fugaz

que irracionaliza sobre minha dependência.

Penso na frivolidade da satisfação

que adquiro do involuntário.

Penso numa nova redenção pessoal,

e sei que os pensamentos sobrevivem

ao agir que decepciona.

No entanto, decepciono-me em amarga sobriedade

e espero que de minha não-racionalidade

brote a chance que o mundo me fez crer

que teria de fácil.

E, se prevenir e aproveitar

e aguardar e guardar,

terei talvez eu uma jovial surpresa

que possa perdurar

sobre o que a originou.