POETAS EM MIM

Trago em mim dois distintos poetas,

e escuto calado seu interminável divergir,

vamos caminhando os três pela mesma floresta,

um, sensato, projeta, põe-se a pensar para escrever,

o outro, folgado, simplesmente deixa o verso acontecer,

dizendo ao pacato, que fazer poesia, é um ato de se divertir,

enquanto salta feliz feito macaca louca pelos galhos da floresta,

o sensato fica no chão, franzindo a testa, tem medo de cair,

e eu, atuando como mediador entre os opostos poetas,

só consigo manter o silêncio e acabar com a algazarra da festa,

quando mostro aos dois, minha mão, com o papel e a caneta.