Olhando Vitrines

Por tantas paredes de vidro

Cheias do mais atraente colorido

Já passaram esses meus olhos

Tentando distinguir, no ruído

Dessa cidade tão cheia

Tentei não cair nessa teia

Na selva das emoções

Sempre a fugir dos leões:

Esses sentimentos predadores,

Em disfarce de promessas

Que em verdade são dores

Que nos atacam depressa

E sem hesitar...

Que nos surpreendem

Sem jamais errar.

Por tantas desnecessidades,

Vaguei querendo também

O que não precisava, vaidades

Um nada que me convém

Perdi contato comigo,

Quis apenas a minha ambição

Perdi também o abrigo

Da verdade em meu coração

Me tornei um ser de consumo

Atrelado ao só querer mais

Procurei sem achar, e sem rumo

Nada levei, só deixei para trás.

Hoje o mundo não mais se sustenta

Planeta que pede um sincero arrego

E consumimos até a placenta

Da mãe-terra de onde nascemos

E se me vejo errado no meio

Exagerando em tanto consumo,

Na vitrine vejo o reflexo feio

Do ser humano que perdeu o rumo.

E se quero o que não preciso

Mas vou lá e pego mesmo assim

Estou multiplicando o prejuízo

Até para quem vir depois de mim...

Não olharei mais tantas vitrines

Vou ignorar apelo dessa ilusão

Chega de contribuir para com crimes

Contra o mundo que temos nas mãos.