SONHAR NA CHUVA

Quero se tenente
Dos “ bóias frias ” ,
Dos inexatos números da exatidão da fome,
Do menino homem e da mulher criança,
Mãe de todo sofrimento.

Quero impotente
Andar por entre os gritos,
Entre o ventre e o passado
E cantar a morte súbta.

Quero imponente
Ver voltar cristo com as mãos furadas
E retirar do inferno
O jovem soldado que matou,
Por onde passou, a rosa de sua amada.

Quero somente
Estar diante da dúvida,
Fazer rir no cortejo fúnebre do poeta,
Acariciar os cabelos da viúva,
Que com certeza, é uma pobre mulher na vida.

Quero ver a corrente
Correr entre os dedos,
Andar por entre águas,
Nascer no coração das montanhas,
E simplesmente ser um elo na trama dos homens.

Quero que o tenente morra,
Na imponência de um olhar qualquer,
E a importância lhe será somente
Um veio na corrente, que,
Simplesmente jorra.
Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 29/05/2006
Reeditado em 08/10/2006
Código do texto: T165335