Cotidiano II

Olho ao meu redor e ao mesmo tempo na vejo nada

Às vezes consigo enxergar algo que somente eu vejo

É curioso enxergar esta visão meramente distorcida

Vejo o que vejo, sinto o que sinto, fujo, do que fujo?

Ando pela rua em um dia frio...

Passo desapercebido pelas pessoas constantemente

Ninguém me olhe, não olham nem a si mesmas,

O que dirá olhar seu próximo...

Não sei pra onde estou indo, pra qualquer lugar, sei lá.

Neste árduo percurso, avisto um senhor chorando...

Suas roupas maltrapilhas, seu rosto cansado da vida,

Seus prantos não comovem ninguém que passa pela rua

Não sei porque ele chora, mas posso entendê-lo bem

Quase sempre me dá vontade de chorar, de gritar...

Não tive coragem de abordar o senhor

Apenas quis observá-lo, um homem de coragem,

Pois expressar seus sentimentos nos dias de hoje

Torna-se cada vez mais difícil de acontecer...

Depois deste senhor, ao continuar a jornada do dia a dia,

Deparo-me com mendigos, meninos de rua, pedintes,

Trânsito, carros, barulho, passos rápidos, violência,

Fome, miséria, desídia, depressão, opressão...

A conclusão que posso chegar parece não levar a lugar algum,

No entanto, vejo o rosto sublime de uma criança,

Mesmo raquítica e suja, noto o brilho de seu olhar...

Lá está a esperança, de que infelizmente nós homens,

Perdemos quando começamos a crescer,

A resposta sobre minha fuga, não sei senhores,

Apenas sei que devemos fugir dos homens, ou,

Voltar a ser criança, sei lá, sabe-se lá...