POEMICÍDIO

Comer o papel escrito denotativamente

É processá-lo usando a máquina do metabolismo

E o expelir do organismo,

Através do reto,

Para que aflua ao caminho dos demais dejetos.

Ah, com o perpasso do tempo,

Á mãe NATUREZA regressa

Como o fecundo adubo qual alimenta a terra.

Degustar as letras,

Metonimicamente,

É disparar a tinta:

Bala da ferina lufada de fricção

Ao verso dirigida.

Pranto do meu pranto

É quando o gosto do meu fel

planta e derrama

lágrimas da minha errância, culpa que sangra o réu!

Afinal,

Assassino o meu filho;

Assassino o fragmento mais querido da minha ilha;

Assassino minha lavra:

Dando cabo do meu poema

Pois, assim, aplaco a raiva.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA