DEVANEIOS - PARTE I

Dizem para ser eu mesma...

Há muito tempo que ouço estas palavras, mas...

Quem sou eu?

Nunca fui capaz de responder a esta questão;

Embora eu trabalhe neste conceito há anos.

É sério!

Nunca soube ao certo o quê sou.

Jamais fui capaz de me decidir;

Sou uma incógnita constante e...

Considero que sou estranha,

A maior das aberrações que conheço ou já tive notícia

...

O mais estranho, é que eu gosto de ser assim.

Sou extremamente volúvel...

Oscilante,

Embora maleável.

Sedutora e seduzível,

Embora extremamente complexa...

Perfeccionista, talvez.

Exigente.

Numa complexidade incompleta,

Tanto que, por vezes, os outros não me acompanham.

Nem eu mesma!

Sinto-me como uma aquarela.

Uma palheta, melhor dizendo;

Mas não de cores apenas,

De sabores,

Dissabores,

Sentimentos,

Pensamentos,

Ações e omissões.

O passado e o presente se fundem,

Num espetáculo tão confuso, inebriante e...

Medonho.

E você me pergunta:

‘Que estúpido ser, consideraria medonha a única coisa em sua existência que lhe é perfeitamente possível conhecer?’

E eu, respondo-te:

Estupidez!Certamente estúpida eu!Covarde eu!

Por temer àquilo que conheço, prevejo, mas não controlo!

Estúpida, amo louca e irremediavelmente,

Àquilo que pode descer ao infortúnio eterno!

Estúpida, por não resistir: covarde por, às vezes nem tentar a resistência!

Talvez por ser mais fácil murmurar contra meu próprio ser posteriormente,

que amargar a melancolia de não ter feito,

o talvez arrependimento por me haver negado ao prazer...

...

Um mistério insólito!

Que nem mesma eu sou capaz de desvendar!

Disseram, certa vez, que certo estilo musical

‘Não combinava comigo’, embora eu dissesse gostar,

Fiquei decepcionada no início, mas,

Ao analisar, em outro momento a situação,

Senti estranha felicidade, por ter ouvido isto.

Eu não combino!

E mais: percebi que isto não se aplica apenas para meus gostos musicais;

Tenho a recorrente sensação de que ‘não me encaixo’...

Às vezes, isto me deprime:

É uma responsabilidade muito grande ser diferente dos outros.

Vejo tantas coisas que preferiria não ver,

Sinto coisas que me deixam envergonhada e com um acentuado temor divino...

Um prisma!

Através de minha aparente inocência,

Por tantas vezes reprimida,

Podem ser projetadas coisas humanamente belas ou...

Inexplicavelmente cômicas.

Entretanto,

Há minha metade obscura,

Que tantas vezes me é tão útil,

Ao me fazer forte,

Ou fria e calculista, como fui acusada,

Certa vez, por alguém que tentou proximidade;

Não tenho certeza, se queria elogiar,

Ou me atingir, chocar... !

Obscuridade!

Tão angustiante,

Ao não me permitir ser normal – ou ao menos sentir-me assim...

E como sinto falta quando se omite...

É tão parte de mim,

Que sei que não saberia viver sem ela

É um labor tão deliciosamente difícil,

Esta busca constante pelo autocontrole!

Intimamente, questiono muito

Se as pessoas percebem...

Se me percebem na integridade...

Sei que sentem curiosidade.

Embora não compreendam

Minha tão singular originalidade.

MARAIAH RINKEL
Enviado por MARAIAH RINKEL em 30/07/2009
Código do texto: T1727483
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