ACORDA, JOÃO

“Acorda, João, é hora já...

Pega tua trouxinha com teu pouco e vai...

Esfole a carne, torça a coluna, homem...

Que o cabo da enxada é tua sentença...”

E o pobre João vivia um doce antagonismo,

Era no dormir, no sonho iluminado, que João existia,

Toda noite ele era rei, e seu castelo era de ouro,

Sua roupa era limpa, seu ar era puro,

Mas o reino sumia entre as ondas do tilintar do despertador,

Todo a madrugada era isso...

Certo dia, um espaço vazio se viu no roçado,

João não havia surgido por entre os cajueiros,

Ele havia tomado uma sábia decisão,

Pois seu reino carecia da atenção de seu rei...

M.A.S.P.