MINHA CASA (uma crônica moderna/antiga)

Em minha casa há muitos celulares.

Mas existem também roseiras e perfume de jasmim.

Pouca televisão, muitos livros.

Tem um cão amigo, o Tupã - que late pouco e morde menos ainda.

Tem gente de todo credo, time e idade.

(mas quem é Flamengo tem mais dengo, telengo tengo...).

E, acima de tudo, ainda se põe cadeiras na calçada para se ver a vida passar.

Enquanto esse mundo for mundo e enquanto a terra girar,

em minha casa haverá sempre um bule de café quente,

queijo mineiro, bolo de milho, chá de canela e

uma rede pra embalar o tempo das conversas jogadas fora

- sob o mamoeiro, aos pés do luar.

Pra completar, grama e piscina, que ninguém é de ferro

e precisa dos “pastos verdejantes e das águas tranqüilas”,

onde uma lua vira duas e se mergulha fundo no resgate dos rios doces da vida.

Em minha casa se nada e se navega de tudo:

Internet, Orkut, MSN, twitter, fotologs, blogs e mais o quê.

Mas, a tecnologia maior é a ciência dos encontros – os virtuais e os reais -, esse diálogo do moderno com o antigo.

Assim, como diz o poeta “tudo é velho e novo é tudo” na face da terra.

Sobretudo, em minha casa se pratica poesia, trova, acróstico, poetrix, haicais, saraus, música, costura, pintura e que tais.

Aqui habita o sonho de se fazer criança a cada dia, e chupa-se o confeitos das horas nos relógios digitais e nas ampulhetas, areias do tempo, escoando lentas o eterno agora das horas incertas.

Em minha casa, as portas estão sempre abertas.

O vento, os pássaros, a borboleta, o vaga-lume,

as estrelas e a emoção são sempre bem-vindos.

E você, com certeza, também pode entrar.

PS: ah, sim, tem lazanha aos domingos

(ia me esquecendo de contar)

e, às vezes, quiabo com frango e angu,

Maria Farinha na cozinha e pescarias de poemar.

De jiló, não vou falar. Há quem prefira doçuras, pés-de-moleque

e quindins de iaiá.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 19/09/2009
Reeditado em 19/09/2009
Código do texto: T1818887
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