Paranóia

Sempre acho que sendo estranho,

Mudo algo na existência,

Mudo o rumo das coisas.

Faço, desfaço e refaço minha vida.

Trabalho em círculos.

Não chego a lugar nenhum,

Às vezes, nem mesmo saio do canto,

Tenho nóias irreparáveis,

Sou um doido que se faz de são.

Acho sempre que me observam.

Interpreto mal as palavras.

Escrevo cartas para rasgá-las,

Coloco letras no papel para embaraçá-las,

Coleciono amantes para confundi-los.

Danço conforme a música que inventar.

Temo seguir modas, tendências...

Faço de conta que me drogo,

LSDs e lança-perfumes:

São minha melhores fantasias.

Mas não tenho coragem de tentar,

Procuro outro combustível.

Não gosto de pessoas comuns,

São passivas, são pálidas demais.

Não se atrevem, não se esborracham como eu.

Gosto de monas e tolos,

Modernetes que se modificam.

Admiro déspotas e reis,

São autênticos.

Posso ser até fascista, ou mesmo, um comunista,

O que causar frisson.

Adoro ser comentado, ser assunto,

Ser algo brilhante.

Minha paranóia é o destaque.

Plumas e paetês são meu uniforme.

Minha biografia é irregular.

Meus objetivos são mutáveis.

Minha estrada é até modificada.

Me desenho de lápis para apagar em seguida.

Uso borrões, não penduro gravuras.

Me multiplico em pontos

Até formar uma figura diferente,

A cada minuto anônimo

Alexandre Paiva
Enviado por Alexandre Paiva em 29/09/2009
Código do texto: T1838820
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