Algum momento...

Que meu grito de socorro seja ouvido

Nem que seja apenas por mim mesmo

E que eu mesmo aprenda a me libertar

Por que sou tão livre quão preso

A tudo que não posso deixar.

Que meu amigo não me esqueça

Nem que eu me mude ou desapareça

E que ele se lembre dos momentos

Por que em algum momento

Isso tudo pode acabar.

Que meu caderno não seja esquecido

Nem que minha voz seja apenas riso

E que minhas histórias sejam repetidas

Por que o que conto é preciso

E sempre chegadas também são despedidas.

Que minha ausência seja notada

Nem que seja apenas palavra falada

E que minha lembrança não se cale

Por que meu silêncio ecoa

E sempre escuto antes que alguém me fale.

Que minha mãe não chore

Nem que sua lágrima implore

E que meu pai me entenda

Por que o que serei será futuro

Coisas que o passado talvez não compreenda.

Que minha poesia seja bem vista

Nem que seja uma poesia já inventada

E que a solidão não me abandone

Por que sou apenas o silêncio

E de verdade, de verdades não se engane.