Sinais de fumaça

Quando os viajantes estiverem cansados

e o rangido das rodas começar a definhar,

alcance o cantil

e dê-lhes de beber sem nada cobrar.

Você ainda enxerga o ouro no horizonte,

há quem o veja no céu.

Mas o sol não cauteriza a saudade do futuro,

mesmo quando este mais se assemelha a uma fugidia visão

sem cores terrenas,

filtrada por chances escassas...

Já bebi, e sempre temerei

parecer menos ou mais que um dependente

do infinito.

Não podemos parar por aqui;

os planos foram reescritos,

as táticas redefinidas

e a finitude que certa vez manchara nossos travesseiros

dissolve o gelo das montanhas por vir,

talvez meio sem saber

que nada dissolve para sempre.

Pensei que tivéssemos uma meta.

Agora, porém, sondando o caminho já percorrido,

nele me projeto um tanto mais esperançoso,

embora curvado de ingênuas dúvidas...

Agora minhas convicções me engolem;

por favor! responda aos meus sinais de fumaça

antes que meus últimos e redentores questionamentos

se misturem ao azul do céu.