Sobre o supérfluo

O seu último desejo

é mais verossímil que os anteriores.

Prestei bem atenção

no diálogo entre o surdo e o mudo

e achei uma lógica na sua estória.

Conte outra, por favor.

Preciso de açúcar nesta página insípida,

preciso de música nas noites solitárias,

preciso aquecer a chama humilde que se acende

em algum lugar da sua confiança.

Seu destino eu ignoro,

exceto quanto a amanhã (de manhã – talvez).

Jurei que estaria ao seu lado

e você percebe agora

que sou menos do que você imagina

– só não menos que eu mesmo.

Preciso de uma pausa nesta corrida,

preciso de um CD novo daquela banda,

preciso encontrar a paz humana que floresce

em algum lugar da sua confiança.

Tantas mágoas lhe esperam

longe do auxílio que lhe presto...

Sinto o pleno abalo passional,

contudo não espero

que a água possa lavar meus medos.

Sou forte, mas nervoso.

Preciso de um móvel que me sustente,

preciso cantar e ouvir a resposta,

preciso de grana para gastar com o supérfluo

em algum lugar da sua confiança.

Preciso de grana

em algum lugar da sua confiança.

Preciso de grana

em algum lugar.