Cravo imperfeito

Quedei-me aos encantos da rosa,

Logo eu um cravo imperfeito,

A hortência olhou-me chorosa,

Por ver o seu sonho desfeito.

Na camélia, também atraente,

Depositei sonhos sem fim,

Enquanto a dália, contente,

Esperançosa sorria pra mim.

Flor-de-maio, ingênua e pura,

Recusou-se a ser meu bem-querer,

Não levei à conta da desventura,

Minha alma se recusa a sofrer.

Só me resta dar-lhes a costa,

Eu vou me mudar de jardim,

Não gosto de quem me gosta,

Quem gosto não gosta de mim.

José Antonio Siqueira
Enviado por José Antonio Siqueira em 08/07/2006
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