Cotidiano urbano


entre olhares fugidios e  selvagens
paira tenue alguma contemplação
uma réstia de brilho

carros e pessoas movem-se
apressados  desavisados
de si mesmos
- vidas aflitas-
acromáticas

desejo estar em sintonia
com as rosas
poucas rosas
que ainda persistem
escuto seu cheiro
sinto sua voz
nas praças acizentadas
em jardins de casas pichadas
silenciadas
pela fuligem dos automóveis
pelas cinzas do coração dos homens
mórbida canção

o que é terrível
se tornou comum
anestesiou o choque

o amor na corda bamba
lateja em algum sorriso de criança
latente nas mãos do poeta

numa onda de mar
no assobio de um pássaro
repousa discreto
sem titubear


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Úrsula Avner
Enviado por Úrsula Avner em 28/12/2009
Reeditado em 28/12/2009
Código do texto: T2000358
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