Descolorido
Com tinta preta em papel branco
desenho a dor, descrevo o pranto;
com traços fortes e exagerados
um céu sem cor em cada canto.
Sem azul e sem vermelho
o papel se torna espelho
de uma obra sem capricho,
como um mero aparelho.
Sem amarelo e sem luz
sem um brilho que conduz;
só um vazio no olhar
que a quem nada mais seduz.
Nos rabiscos o maltrato,
o desprezo que de fato
me fuzila a cada olhar,
cada olhar pra essa folha
que é apenas meu retrato.