A NATUREZA DO AMOR

Injusto é o amor, este sentir,

Que jamais retribui mal,

E, contrariando o protocolo,

Sofre sereno e calado,

Sem nunca esperar salário,

Morrendo em vez do culpado.

Insano é o amor, este sofrer,

Que louco não pensa certo,

Pois ajuda quem não merece,

Que não se esforça e não tenta,

Socorre quem não carece,

E na dor não se impacienta.

Tolo é amor, este sego,

Que não sabe julgar mal,

Confia em gente enganosa,

Arranjando-lhes desculpas,

Perdoa mesmo inimigos

E de condenar não se ocupa.

Sego mesmo é o louco amor,

Que vê beleza em rascunho,

De gente pobre, sem lustro,

E pode amar mesmo monstros

Que a monstros dariam susto,

Além de alumiar as travas.

Quando se viu o amor ofendido?

Quem seu sorriso abrandou,

Esfriando-lhe a paixão

E a espera lhe desesperou,

Tirando-lhe mesmo a fé

E do bem fez desistir?

E quem não tem suas culpas

E ajuda se lhe é devida,

Não fez qualquer inimigo,

Mas beleza que convida,

Tendo a alma tão grandiosa,

Quem amor merece, amigo?

Que bom que amor é amor,

Injusto, sego e sem preço,

Mas sublime qual a flor,

Além de tolo e insano,

Me conforta docemente

Apesar que não mereço,

Como faz com todo mundo,

Dando-se assim, sem dar preço.

Wilson Amaral

Wilson do Amaral Escritor
Enviado por Wilson do Amaral Escritor em 01/08/2006
Reeditado em 01/08/2006
Código do texto: T206853