QUE CULPA TENHO
Que culpa tenho eu, por esses pensamentos,
Tão rebeldes de solidão, de dor e angustia.
Que culpa tenho de expressar palavras tão...
Que culpa tenho por passar por essa angustia,
Por essa raiva variável.
Do que me resta tanta solidão,
A alma constrange dentro desta matéria
Deixando-me impaciente, cheio de raiva
Por alguma coisa que na verdade não sei
Por que sinto.
É triste viver assim.
Procuro uma alegria para me distrair,
Mas que alegria se só encontro angustia e dor.
Procuro um canto com luz
Para que eu possa me consolar desta dor.
Mas cada, em cada canto que procuro sempre,
Nunca existe luz é imerso de trevas.
Tranco-me nele, dentro de mim,
Aumenta minha angustia e a dor.
A própria solidão vem devagar, arranhando.
A mente perturba a matéria,
E a alma revolta-se cá dentro.
Porem, não sinto vontade de sair
Deste canto, onde tudo é dor.
A porta aberta dando sinal de liberdade,
Mesmo assim a matéria minha permanece
Em silêncio sem vontade de sair.
Que culpa tenho eu por tudo isto.
Caio Martins
25/05/90.