Caminhares de verbos e anseios
hei de ser assim tão vasto
contido nas dores do meu mundo
e não sentir o pulso da cidade
desabando do alto dos soluços
quero permanecer inerte
e fluir no tempo incomparado
e me fugir de todas minhas dores
na parcimônia breve dos abraços
quero me rebentar de luz
embora a escuridão já me desarme
e viver rompendo o véu das coisas
e corromper os meus alardes
e obstruir a ordem
e no espaço ocupar
cada vão do meu cansaço
e repousar nos legítimos suores
da percepção de minha gente
quero empalmar a minha alma
com a objetividade da navalha
e cortar as veias do pensamento
com a objetividade de uma faca
e nem por isso
eu me caiba conhecido
se há infinitas esquinas
em cada curva do meu grito
quero borbulhar na noite
e sorver a placidez das praças
e habitar as vilas do mundo
quero consumir o ardor
das crianças de minha terra
e debruçar-me nos seus risos
e beber seus hálitos de américa
mas meu poema se dessangra
rasga o verbo, urge a trama
e meu verso não se enquadra
na flacidez inconteste do que arma