Para que?
São caminhos são veredas,
São trilhas ou são estradas,
Picada ou uma alameda,
Marcha ou uma jornada,
Ou duas laranjas azedas
Simplesmente bem trocadas.
Todos os dias novidade
É do que o homem gosta,
Não sei se por vaidade,
Com ele mesmo uma aposta,
O prazer da humanidade
É de mudanças composta.
Mudanças na medicina,
Na ciência, nos transportes,
Tirando todas as esquinas,
E da rua tira os postes,
Enterra uma fibra fina
Resistente e muito forte.
São vereda são caminhos,
Alameda ou uma picada,
São estradas de espinhos
Em trote ou disparada,
São amores pequeninos
Ou amor em calvagada.
Assim ele está mudando
Desde a pedra lascada,
Já o vi na lua andando
Sem precisar de escada,
Parece até um bando
Sem ter fim sua estrada.
Primeiro foi à fogueira,
Depois vem a lamparina,
Depois da carrapateira
Em fila de vara fina,
Invenção alvissareira
Vencida por parafina.
A vela ainda usada
Quando falta energia,
Fica num canto guardada,
Como uma boa garantia,
Também era bem usada
Na mão de quem morria.
São pequeninos amores,
Com espinhos na estrada,
São prazeres ou são dores,
Sabedoria esmagada,
Ou são só nossos odores,
Das flores que são mudadas.
Descobriu a eletricidade
Iluminando todo mundo,
Do átomo sua idade,
Tirados de lugar fundo,
Atrás de outras verdades
Todo dia vai mais profundo.
Tudo isto não descarta
O que o homem inventou,
Que ainda vai indo a cata,
Das coisas que não pensou,
Às vezes não tem mamata
E outras de onde parou.
Cadê o destino da terra,
Da terra cadê o destino,
Sempre temos muitas guerras,
Desde o tempo do divino,
Sendo verdadeiras feras,
Com nossos dentes caninos.
Homem só quer novidade
E disso corremos atrás,
Sem nenhuma só maldade
Só queremos a bela paz,
Mas sentimos a saudades
Da falta que a guerra nos faz.
Pois nela temos o prazer
De novos conhecimentos,
É um eterno ferver
Em todo o firmamento,
Correndo atrás do saber
Uns verdadeiros jumentos.