Beco sem Saída

Inúmeras vezes, engalfinho-me encarniçadamente com este meu companheiro de longas e angustiantes jornadas.

Ele é só um parceiro, nem um pouco lisonjeiro. Não chega a ser um camarada; acusa-me a todo o tempo de cometer desatinos.

Vislumbrei-o a vez primeira, ainda bem menino. Jamais o imaginaria acompanhando-me por toda essa estrada.

Adolescente, lançava-lhe olhadas de esguelha, temeroso de suas ásperas espinafradas.

O tempo todo este senhor sisudo segue-me como uma pertinaz sombra. – Já sou adulto: reclamo,

Buscando fugir do jugo implacável de tão feroz conselheiro.

Penso ter o controle de meus passos: ledo engano.

A cada volta da espiral, como marca de ferro em brasa – lá está a presença constante de meu amo.

Tem carantonha pesada, até mesmo lúgubre. Recita-me sempre a mesma cantilena: “é kharma. Cumpra a parte que te foi programada.”

Sou viajor recalcitrante. Mercador de sonhos - esperneio - neste barco chamado Vida eu, mais um passageiro, tenho a escolha dos meios. A ti compete definir o rumo; para isto foste escolhido....

...afinal, Tu és meu Destino.

Em alguns momentos de funda aflição achamos que a taça que nos é oferecida a beber já está plena de fel. Insensatamente queremos recusá-la, não percebendo que a mesma taça nos será oferecida de novo, até que a provemos em sua totalidade.

Vale do Paraíba, noite de Segunda-Feira de Março de 2009

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 20/05/2010
Reeditado em 20/05/2010
Código do texto: T2269125
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