A dança do Tempo

O tempo veio com muita pressa e me chamou para uma conversa.

Foi uma conversa muito rápida na qual eu quase não tive tempo de meus sentimentos expressar.

O tempo veio a passos largos e me convidou para dançar.

Em ritmos rápidos e cansativos, em movimentos provocativos.

Seguimos assim o tempo e eu.

Mas, a música acabou, o tempo foi passando e eu continuei dançando.

Mas, dança sem música, é como um corpo: um corpo sem alma.

Pois que de tanto dançar e de tantos tropeços levar, fui me perdendo nas garras do tempo.

E o cansaço me fez perder o ritmo e eu mergulhei no fundo mais profundo da impaciência.

E eis, então, que lançado nas profundezas da angústia, da incerteza, eu parei para descansar.

Mas, ao parar para descansar, eu acabei deixando o tempo passar e não consegui mais com ele conversar.

E o tempo foi seguindo nas asas do vento: tão depressa, tão intenso, tão insólito!

E o tempo continua passando.

Ele passa rápido, como se estivesse numa desenfreada corrida.

E eu caminhando, devagar, quase parando, não consigo alcançá-lo.

Mas, o tempo continua rápido e faceiro: seguindo ligeirinho pela teias do destino, o tempo vai indo embora todo dia e em sua corrida acelerada, vai levando com ele nossas vidas.

O tempo em sua crueldade em sua falta de sensibilidade, não perdoa nada, nem ninguém: ele leva tudo e todos de todo mundo.

O tempo nos leva a juventude, a paz , a tranquilidade, a saúde, a vitalidade.

O tempo nos leva aqueles que amamos e até aqueles que por ventura odiamos.

O tempo leva tudo e todos de todo mundo.

O tempo é como um vento que tudo devasta: ele chega destruindo o velho e dando de volta o novo: novo que um dia se tornará velho e será substituído por outro.

O tempo leva os sonhos, leva até a angústia.

E nós, temos que aprender com o tempo, a dançar.

Pois que a dança do tempo nos ensina: ensina a ter calma e paciência, para deixar o tempo passar e dessa vida, para sempre nos levar.

Não sabemos para onde, nem para qual lugar: só sabemos que um dia, ele vem, para nos buscar.

E não adianta chorar, nem lamentar, implorar ou suplicar; pois que o tempo não perdoa.

Ele não discrimina ninguém: seja rico, seja pobre, preto, branco, homossexual.

O tempo leva qualquer um, a qualquer hora e em qualquer lugar.

Pois, que não nos resta nenhum caminho a não ser dançar conforme a música que o tempo tocar.

Vamos seguir dançando com ele, até o dia chegar, em que não haverá mais dança para nós.

Pois, que um dia chegará que o tempo em sua infinita maldade nas mãos da morte nos jogará e essa será nossa última dança.

Nosso corpo se imobilizará, nossa vida se findará e de nós nesse mundo, pouco ou nada restará.

Pois que o tempo em sua infinita e debochada maldade, leva tudo e todos: leva às lembranças e até às saudades que alguém por nós sentia.

O tempo só não leva o amor, pois que esse se faz eterno, ao se refugiar na nova vida que nasce: no florescer de cada novo amanhecer.

E sendo assim, sigamos vivendo com calma e paciência, a correria do tempo.

Vamos dialogar com ele e até dançar se for o caso.

Não devemos tratá-lo como inimigo, pois que não exite luta entre nós e o tempo.

Lutar com o tempo é covardia, pois jamais teremos condições de ganhar: o pouco que podemos fazer é no máximo suas marcas adiar.

Mas, eis que, enquanto alguns buscam as marcas do tempo apagar, outros buscam essas marcas resgatar.

E por mais que tentemos fugir, não conseguimos: o tempo um dia vem, e vai levando tudo e todos que mais amamos, até um dia nos levar e aí mais nada nessa vida restará: talvez a poesia e o amor sobrevivam, mas de nada mais servirão, pois não estaremos mais aqui para aprecia-los e vivenciá-los.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 26/05/2010
Código do texto: T2280382
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