APELIDO DE POETA

Poeta, não sou!

Se muito um versejador.

E neste mundo vou

como um contemplador.

Vejam que nos meus escritos,

ouvem-se bem alto os gritos,

da ortografia, de dor.

Minhas frases são tétricas,

faço-as apenas por estima,

não respeito às métricas

dilacero sem dó, as rimas.

Ah, como eu queria ser,

senhor de mim e dizer,

sou poeta. Que cisma.

Mas não posso, pois meu

vocabulário é reduzido,

e quando escuto meu eu,

sinto-me até impelido,

a desistir, quando leio,

tantos que sem receio,

usam “poeta” de apelido.

Marco Orsi

03.07.2010