Sou.
Sou a parte mais doce da fruta
E a metade azeda também
Sou a face que te encanta e ilude seus olhos
E aquela que você não tem
Sou a idéia , a revolta a questão
E tudo aquilo que eu nunca fiz
Sou a cor que estampa o humor
Sou o preto que te cai tão bem
Sou o pensamento comum
E a aversão de nele estar
Sou a parte quase-perfeita
E a parte que já não é mais assim
Sou o silêncio que está em seu redor
E a ausência do todo num só
Sou o medo de estar no escuro
Sou o triste, o frio e o clarão
Sou a brisa suave do vento
Sou o vento que leva teu teto
Terremoto que abre teu chão
Sou aquilo que não podes ver
Sou aquilo que tento esconder
Já não sei se sou a água ou vinho
Já não sei se estou no seu caminho
Não sei se os caminhos se cruzam
Mas constante é o pensamento.
Eu não sei se eu durmo ou respiro
Já não sei se sou a mesma de antes
Não posso ser o que eu queria
Esse ser me torna ocilante
Entre o ser que ainda não sou
E o ser que há no meu querer.
Sou a meia metade de mim
Metade que estar a sofrer
Metade um inteiro não é
E outra metade foi você