INFLAMA!

Unha encravada, furúnculo.

Doi escondido, profundo, reclama.

Por tempos esquecido, dorme.

No fundo da carne, engana.

Se esbarra, aperta,

sofrido desperta, inflama!

Injeção sem agulha,

facada sem faca,

tiro sem arma.

Fura, queima, padece.

Está, não está.

Existe, inexiste.

Desiste. De novo, adormece.

Sono intranquilo, ansioso,

pesadelo e prece.

Se espeta, cotuca,

clama, ama!

Machucado invisível,

vaso sem planta,

corpo sem alma,

guerra sem trégua!

Na dor vive, a morte engana.

Michele da Costa

Campinas, SP, 17/07/2010.

Michele da Costa
Enviado por Michele da Costa em 22/07/2010
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