Comunicação difícil

Apoiado no bar, já perdido em sinestesias

Imaginava seres abstratos, num monólogo interior

Tentava manter a linha, mas caía em digressões

Seria alguma apóstrofe, que expressaria a minha dor?

Ao meu lado, de repente, pousou aquela hipérbole

Lábios, seios e quadril, tudo em perfeita coerência

Que paradoxo, que antítese, "o bêbado e a equilibrista"

Em gradação eu admirava aquela doce incidência

Cuidando pra não soar um hipérbato

Olhei-a nos olhos com coesão

Me declarei em metonímia

Sem paródia, nem aliteração

Pobre de mim, um eufemismo

Perto de tal elipse eterna

Queria ser parte da poesia

Mas não passava de figura externa

Acho que ecoei como um cacófato

Pleonasmo vicioso, solecismo

Ela só deu um sinal de interjeição com os olhos

Quem sabe, da proxima vez, um neologismo?

Guilherme Lombardi
Enviado por Guilherme Lombardi em 12/06/2005
Reeditado em 15/06/2017
Código do texto: T24089
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.