Contra mim
Luto contra mim mesmo numa batalha imaginária.
Inimigos fortes me impunham armas quase que diariamente.
Dentre os quais, encaro a intolerância
- arrogante e poderosa.
Dentro os quais, encaro a inconstância
- que é vil e perigosa.
Dentre os quais, encaro a carência
- que é sutil, mas vigorosa.
E nessas batalhas sem fim, vejo crescer o número de aliados.
Saídos de dentro de mim, esses inimigos são privilegiados.
O orgulho devastando o que sobra,
o rancor destruindo tudo.
O egoísmo arrastando-se feito cobra,
a vaidade servindo-lhe de escudo.
Minha cabeça sendo exposta numa mesa
sobre um macio e vistoso veludo.
E o que esses inimigos vorazes sabem tanto a meu respeito,
atingem os pontos vulneráveis que trago dentro de meu peito.
Dentre os quais, cedo aos ressentimentos
- que são impetuosos e impulsivos.
Dentro os quais, cedo aos pensamentos
- que são intermináveis e instintivos.
Dentre os quais, cedo à impaciência
- que é temperamental, mas impiedosa.