Labaredas

Vi chamas a bailar na lareira,

cada qual mais alto,

num pulo, num salto,

a bailar,

vi chamas revolvendo-se no ar.

Labaredas e centelhas

em despique,

não há uma que fique

no seu lugar.

A subir, a descer, a dançar,

labaredas e centelhas,

azuis, douradas, vermelhas,

sem parar de bailar.

Vi lume, vi fumo, vi cor.

E quanto mais a fogueira

se consome

mais se torna maior.

E em constante canseira

não há quem dome

o seu ardor.

Vi chamas a bailar na lareira,

vi lume, vi fumo, vi cor.

Ai quem pudesse viver

Trazendo no peito

Sempre a arder

um braseiro deste jeito.

Assim fosse a nossa vida

consumida

em labaredas de amor.

E que fosse de maneira

que ao apagar-se a fogueira

as cinzas dessem calor

Manuel Paulo
Enviado por Manuel Paulo em 18/09/2006
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