Labaredas
Vi chamas a bailar na lareira,
cada qual mais alto,
num pulo, num salto,
a bailar,
vi chamas revolvendo-se no ar.
Labaredas e centelhas
em despique,
não há uma que fique
no seu lugar.
A subir, a descer, a dançar,
labaredas e centelhas,
azuis, douradas, vermelhas,
sem parar de bailar.
Vi lume, vi fumo, vi cor.
E quanto mais a fogueira
se consome
mais se torna maior.
E em constante canseira
não há quem dome
o seu ardor.
Vi chamas a bailar na lareira,
vi lume, vi fumo, vi cor.
Ai quem pudesse viver
Trazendo no peito
Sempre a arder
um braseiro deste jeito.
Assim fosse a nossa vida
consumida
em labaredas de amor.
E que fosse de maneira
que ao apagar-se a fogueira
as cinzas dessem calor