Contraste

São em devaneios com exatidão

Que vejo jorrar de fundo a água

Que secou as lágrimas inúteis

Quando olhava os olhos lânguidos

Pela passagem de algum rito

E a complexidade que se limitava

A debater sem ar nos pulmões

A poeira que cobria de todo o desejo

Cada vez menos fugaz e feroz

Esvairia-se pelo fundo do poço

Mas não era uma necessidade medida

Acontecera sem nem mesmo esperar

E assistindo silenciosa essa transformação

Percebi haver nascido alguma coisa

Que me subia pelas vísceras a gritar

No fundo era uma espécie de passagem

Vaga e docemente sagaz

Com ímpetos que emanavam crueldade

E ressurgiam-lhe com gosto amargo

Sem que lhe tirassem o adocicado do mel

É verdade! Era um contraste aceso

Que o tempo tratara de criar

Para que nem mesmo as forças ocultas

De algum sentimento superior

Pudessem trazer de volta o amor

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 20/09/2006
Reeditado em 21/09/2006
Código do texto: T245013