Neblina

Abriu a porta devagar

Encostando as mãos no gélido corpo das paredes

Que outrora pensava terem ouvido confidências

Imaginárias de sua existência

Desceu, caminhou como nunca até a beira da rua

Havia ali alguma neblina espessa que lhe envolvia

Nela sopravam ventos que desejavam

Cortar de todo algum fio de negligência

Que abria leve e fugas

Uma visão maior do mundo

Naquela rua de tantas vezes

Nas mesmas pedras desarranjadas, caminhava

E não via, não tocava a utopia,

Sentia-se inseguro e calmo

Sem mãos que atassem seu laço

Abraçou aquela nostalgia

Desejando que ali mesmo pudesse voltar

Mas errou, coitado!

O caminho era longo e denso

E já não avistava o que deixara

Passo a passo decidiu que continuaria

E de todo foi desprendendo as mãos da parede

Foi soltando o corpo pela neblina

Deixando que levasse de todo

E esquecendo que já não mais sentia

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 24/09/2006
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