Neblina
Abriu a porta devagar
Encostando as mãos no gélido corpo das paredes
Que outrora pensava terem ouvido confidências
Imaginárias de sua existência
Desceu, caminhou como nunca até a beira da rua
Havia ali alguma neblina espessa que lhe envolvia
Nela sopravam ventos que desejavam
Cortar de todo algum fio de negligência
Que abria leve e fugas
Uma visão maior do mundo
Naquela rua de tantas vezes
Nas mesmas pedras desarranjadas, caminhava
E não via, não tocava a utopia,
Sentia-se inseguro e calmo
Sem mãos que atassem seu laço
Abraçou aquela nostalgia
Desejando que ali mesmo pudesse voltar
Mas errou, coitado!
O caminho era longo e denso
E já não avistava o que deixara
Passo a passo decidiu que continuaria
E de todo foi desprendendo as mãos da parede
Foi soltando o corpo pela neblina
Deixando que levasse de todo
E esquecendo que já não mais sentia