“Falta”
Falta-me a inspiração, falta-me a paz!
A que antes escorria feita a água que
Brota na fonte, donde formavam a
Mais tensa corrente a percorrer os
Leitos dos rios. Faltam-me as palavras
Nos momentos de maiores angustias,
Falta-me o brilho nos olhos, o som das
Minhas palavras se prendem na minha
Garganta, sem forças para libertarem-se
Morrem, igual à fonte que rega os
Ribeirões em tempos de sequidão. Á de
Ser que o tempo é de sequidão em minha
Alma, á de ser que morri sem se dar conta!
Estou igual à canção sem melodia, a poesia
Sem encanto, o versejar sem canto, só sinto
O lamento de minha alma que clama por
Liberdade, nem triste estou, nem feliz
Sinto-me. Só um vazio que ecoa no oco
De este ser sem mobília.