O Rei e o Escravo

Com os braços cruzados por cordas

Às costas batiam pesado chicote

Dote que os serviçais e suas hordas

Recebem inda no remo, inda galeote.

Escravos por dinastia

Incultos Reis cujo reinado é a covardia...

Entregues por outros Reis submissos

Dos tratantes e contratantes por sumiços

Viajante e navegante negreiro,

Rei senhor, nobre Rei guerreiro.

Se no Pelourinho foi jogado

Atado por sete laços de corda

Cruzado na encruzilhada, e atado

Foi feito no Santo que em si transborda

Su’alma soberba e soberana

Pai Tomás e mãe Joana

Feito filho das encruzilhadas

Por nobre e soberano e espadas

Domou o seu corpo para o fardo

Rente a si passou um dardo

Junto a si tem um escudo

Trouxe nas galés e fez-se de mudo.

Em novas terras puseram-lhe de quatro

Coleira no pescoço, um moço

Um patrão, Coronel alienado, o teatro

A babel estúpida, o escravo, o esforço

Uma faca, uma dança, uma fuga

A ira que irrompe das entranhas

Tamanha vontade de ir-se, e a ruga

Eterna mestra da vida de artimanhas

É a sanha de um homem e suas manhas.

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 04/11/2010
Código do texto: T2595648
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