O sol entre as nuvens

Está vendo aquele colchão cinza-azulado?

É lá que o sol dorme.

E nesta época do ano, com um pijama vermelho.

Em meio a lençóis lilases, fica sonolento.

Hoje vou fazer o mesmo.

Quero despertar amanhã do outro lado da cama.

Com a cara limpa, roupa alva.

O peito a arfar ares azuis-dourados.

Olhar com olhos sem mescla

A irradiar verbalizações claras.

Não deixar dúvidas, não deixar sombra.

Vou invadir a escuridão da ignorância e da tristeza.

Aquecer a minha volta, esquecer a revolta.

Vasculhar os recônditos do planeta interior.

Mas só amanhã, agora tenho sono.

A noite me envolve.

A escuridão me apaga.

Até amanhã!

Só até amanhã.