Largo, Longe e Livre

Guiava o barco devagar

E os ventos que sopravam leves

Irritavam-se ora sim, ora não

Trazendo o enjoamento dos pobres

Que se debruçavam sobre o casco

Atravessaram gaivotas

O céu azul e docemente inesperado

Refletia claro o maior de todos os mestres

E balançava para lá e para cá

Como bailarina ao entoar de algum canto

Seguia largo, longe e livre

Deliciava-se no transatlântico imaginário

Ao senhor dos senhores pensantes

E cobria-se de pura imaginação

Sem a crueza de tantas realidades

Foi pelas ondas rumo ao infinito

E se essas mesmas vozes das águas

Batiam com força e molhavam-no

Sentia o corpo gélido nas espinhas

E cantava sozinho a canção dos tempos

Foi tão longe, tão longe

Esqueceu as tristes opções terráqueas

E sentiu de leve as brisas

Os instantes claros

E nunca mais voltou

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 14/10/2006
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