Gentil assassino

O tempo é o assassino que não mata

Tortura silenciosa mente

Nem aos poucos tira a seiva da vida

Cria as condições para morte

Como se corte fosse passado anos a fio

Até me arrepio ao vê-lo sadio e sádico

com a paciência de uma tartaruga

Voluptuoso a balançar-se nos seus idos longevos

Não tem credo

Não é credor

Basta a dor de saber-se vivo... até agora

nesta hora já tão pesada

que custa a carregá-la

no labor de uma estiva que não pedi

Senta-se à beira do ocorrido

Anestesiado, falta-me as últimas conseqüências a ultrapassá-lo

Somente o sonho impede sua vanglória

Erma como uma cidade vazia

No sol que me transparece

Até parece que sou brilho

Nos trilhos a passos feitos

Que desde o leito caminhei

Prefiro a felicidade de um abutre livre

sobrevoando etéreos altiplanos

Transpondo montanhas

Tendo o peito massageado pela queda livre controlada

Acreditar na crença sem questionar

é prova de pouca fé naquilo que não se sabe

Hoje o dia vagueia indiferente

ao quanto sou igual aos dias contados

nas mãos do assassino invisível

Pronto, caminha a meu lado

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 16/10/2006
Reeditado em 17/10/2006
Código do texto: T266197