Um mendigo sem sapato

Um sapato dispensado na rua

E o dono do sapato deve de está

Por ai à toa, a vida acolhe os homens à toa,

Deitado na calçada coberto por um jornal

E de pensar que ele próprio já leu o jornal

Sentado na varanda em sua cadeira especial.

O homem trôpego sem um sapato e sem

Nenhum destino, homem sombra. O sol

Nasce, mas ele prefere à noite crua em sua lua

Desvanecida sob o relento infinito.

A beira de um abismo existencial estende a mão

Ao primeiro que passa e não recebe nem se quer

Um olhar humano, um olhar de bicho para bicho,

Outra mão não alcança a sua nessa extrema distância

Entre almas desconexas com a realidade.

O sinal pode ser uma esperança, mas os vidros

Estão todos fechados, o sinal trabalha rápido

E os ônibus estão vazios.

Vidas e mais vidas em movimento aleatório,

Vidas e mais vidas andam retos sem expressão,

Vidas esquecendo vidas enquanto os sinais abrem

E fecham destruindo esperança e alongando a

Distância entre os seres humanos. Um sapato ficou

Para traz e mais adiante seu dono não é melhor.