Sem sentido
É então que ouço o pendular de seu silêncio
E te refaço ao som da chuva
Para que dos traços enleados saia a rubra chama
Crebiando os lírios, os passos e os liames
O clarão desvirtua o plácido recanto
E a noite escura que me alenta a insanidade
Se torna frágil quando imperada pelo teu olhar
Que penetra a letargia e me faz delirar
Talvez o pendor venha da mesmerie dos semelhantes
Mas inprecisas são as linhas da demente realidade
Que pisa com anarquia e espanta a salvação
Talvez o pendor venha da triste verdade que nos condena
Mas que a pasma flor se desmantele
E de seus quadros se façam a tinta
Desenhe o vento
Respingue o esplendor
E derrube a dantesca certeza
E nos desprave com sua sublime beleza
Pois as noites sempre serão suas
Pois o fogo que lhe torna divina
Reina sobre a luz e sobre a dor
E refugia o sinistro torvo com seu fulgor