ESCREVI O AMOR

Escrevi estrelas, colhi cometas e meteoros.
Plantei mudas de rosas e os cravos tornaram-se inço imiscuído.
Ensinei poesia, aprenderam história e gografia.
Li romances, vivi todas as nuances das novelas.

Olhei para o céu, Deus estava folgando ver o mundo doido.
Encarei o mar, as ondas mostravam quanta força há na água.
Espalhei carinho, ai quantas pedras no caminho!
Procurei amor, só ouvi queixas de tristeza e dor.

Então não escrevi mais coisa alguma, 
arranquei todas as plantas,
rasquei as folhas com poemas,
joguei à fornalha meus velhos romances,
desviei os olhos do céu e do mar, 
guardei meus carinhos
só então soube o que é o amor.

Já estava escrito nas estrelas, 
emanava do perfume das flores do mato,
brilhava no rosto das crianças a lerem poesia,
vivia nos romances de cada dia.
Era a própria face de Deus,
presente em todas as águas paradas ou agitadas,
em cada carinho e afeto,
mas somente visível aos olhos do coração.