SER PROFANO

Nada se repete

Em nada acredito

Todo homem busca suas falhas

Encontrando a verdade

Na fuga dos seus dias

Tudo me parece tão escuro e tão ainda

escuro na clareza do viver

Vou fugindo

Nada é tão vago quanto a razão do pensar

Busco-me em outros encontros

Já não tenho medo da mentira

Inconsciente do nada

Procuro a escassez dos sentimentos

Mas, existo para viver sob a autoridade da emoção

E quem nos permitiu existir?

Tudo é transformado em pensamento

E toda clara vigilância do seu eu sobrevive

Onde nada é nosso

Tudo é seu

As culpas, os erros

Somos razão do inconsciente

e debilidade da emoção

De nada vale a dignidade

De nada vale a noção

Se não a usamos com exatidão

Se eu vivo e sinto o odor das cinzas do bel prazer

Que trazem o fim de algo

Já não é dia

Não me vale de nada viver

Ainda não posso repousar na mente

Nem tenho a certeza do despertar

Enfrentando os falantes retrógrados

Na minha vã existência adormecida!

07/07/1993

Julia Rocha
Enviado por Julia Rocha em 07/02/2011
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