Bem longe

Debruçando sobre a certeza das incógnitas

Escorria de si alguma sensação quase absurda

Parada olhando os arredores de uma rua

Que era tão comum que trazia sobressaltos assustados

Quando por vezes avistava alguma novidade antiga

Sem saber já estivera ali por tantas fases

Alegrava-se quando descobria fruto na mangueira

Quando sentia com carinho o vento gélido

Como se a alma quebrantada se enchesse e preenchesse

O espaço vazio que era aquela vida sem acontecimentos

Mesmo porque coitada não entendia de nada

Só sabia se sabendo mesmo sem especulações

Providenciava todo dia alguma atividade sem reação

Assim mesmo essas ações sem abraços apertados

Brincando com a existência de tudo acabado

Às vezes essa pobre criatura magrela

Fabricava uma lágrima qualquer

Mas era só pra se ver chorando

Porque era tão sem motivações que não chorava

Não gritava, não sabia falar, são sabia sentir.

O que queria mesmo era viajar de barco pelo céu

É pelo céu mesmo, nas caravelas de algum desconhecido

Desses que vão e vêm, só pra estar lá em cima.

Esperava dia após dia na janelinha

Com o coração apertado para ver alguém

Que a levasse voando para bem longe

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 09/11/2006
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